A audiência pública realizada hoje (25 de abril) em Pesqueira, no auditório do Rosa Centro Comercial, para buscar soluções para os efeitos negativos da estiagem e para criar mecanismos de convivência com o semiárido, reuniu prefeitos, representantes do Governo do Estado, vereadores, órgãos da Igreja e da sociedade civil organizada, além de representantes de associações de agricultores e sindicatos. Na mesa, presidida pela prefeita de Pesqueira Cleide Oliveira, estavam o engenheiro Marcelo Sá, representante da Secretaria de Recursos Hídricos, o superintendente da COMPESA Tadeu Souza, o diretor regional da COMPESA Eraldo Silva, a representante do IBAMA Eutália Oliveira, a representante da FUNAI Carolina Santana, o padre Bartolomeu Bergese, que ali representava a Diocese de Pesqueira, o CEDAPP, a CÁRITAS e o Consórcio Dom Mariano, além dos prefeitos de Alagoinha Maurílio Almeida, de Jataúba Carlos Lucinaldo Santos, da prefeita de Sertânia Cleide Xavier e dos secretários de Finanças e Administração de Sanharó, Fernandinho e Alexandre, respectivamente. Os presidentes das câmaras de vereadores de Pesqueira e de Alagoinha, Evando Junior e Clóvis Martins, também participaram da audiência pública.
Todos queriam opinar, debater e propor as medidas que serão tomadas para minorar o sofrimento de milhares de pequenos agricultores e das famílias residentes na zona rural, que convivem com o drama da seca. No início da audiência, o padre Bartolomeu foi convocado para um momento de prece, mas o religioso preferiu falar sobre o trabalho desenvolvido há 20 anos pelos organismos da Igreja em defesa do homem do campo. “Temos que trabalhar para amenizar os efeitos da seca e parar de culpar a Deus”, desabafou, acrescentando que “não se deve lutar contra a seca, e sim aprender a conviver com ela”. Após a execução do Hino Nacional, a prefeita Cleide Oliveira deu início aos trabalhos. Ela disse que vai enviar aos governos Estadual e Federal, além do Congresso Nacional, um relatório sobre a situação do manancial de Pão de Açúcar, que poderá abastecer emergencialmente o município de Pesqueira. Isso gerou um impasse, por que uma pergunta formulada pela plateia tratava exatamente sobre isso. É que o deputado federal Sarney Filho (PV-MA), entrou com um requerimento para “barrar” a utilização dessa água, alegando que o manancial encontra-se em terras indígenas e que para ser utilizada, seria preciso antes ter um parecer do IBAMA sobre os possíveis impactos ambientais, além da liberação da FUNAI.
A representante da FUNAI, Carolina Santana, nesse momento, disse que o requerimento do deputado referia-se exatamente ao manancial de Pão de Açúcar e não de todos os reservatórios existentes nas áreas indígenas do país. Mas a prefeita Cleide Oliveira informou que, há um ano, mantivera contatos com os representantes da Tribo Xucuru, com a FUNAI e o IBAMA, para solicitar o uso da água da barragem em períodos estritamente emergenciais. Um documento será elaborado e enviado a esses órgãos, inclusive ao Congresso. Num momento técnico, o professor Célio Silva fez uma explanação sobre a real situação do semiárido nordestino. Já um engenheiro da COMPESA mostrou uma verdadeira radiografia da situação hídrica em Pesqueira e região. Ele informou que a COMPESA produz 405. 305 m³ por mês e que a cada dia a água fica escassa. O Açude Santana, por exemplo, está com apenas 15% de sua capacidade. Afetos já entrou em colapso total e Pedra d’Água está com níveis baixíssimos. O Sistema Bitury, segundo o engenheiro, colabora com apenas 5% do abastecimento de Pesqueira.
A COMPESA deu alternativas para o aumento da oferta de água em Pesqueira e região. Uma delas seria aumentar a produção da Estação de Tratamento de Bitury, construir outra unidade ou ainda reparar a existente. A segunda alternativa seria o aumento do bombeamento para Belo Jardim, Sanharó e Pesqueira, e a terceira, que seria mais viável nesse momento de colapso, era explorar a Barragem de Pão de Açúcar, que pode armazenar mais de 34 milhões de metros cúbicos, e está com 72% do volume total. Porém, o superintendente da COMPESA Tadeu Souza, alertou que, para se utilizar o manancial de Pão de Açúcar, é necessário construir uma Estação Elevatória e de Tratamento. Para o início das obras é preciso ter uma autorização da FUNAI e do IBAMA. “Assim que sair a autorização vamos construiu rapidamente a ETA”, revelou. Ele disse que outra alternativa seria implantar um sistema adutor na Barragem de Rosas, que conta com 80% de sua capacidade. A última hipótese, menos provável, seria explorar Santana II, mas os níveis de acúmulo são ínfimos. “Serviria apenas por 30 ou 40 dias”, revelou Tadeu.
A solução final para o problema de desabastecimento na região, segundo a COMPESA, será a conclusão da Adutora do Agreste. Pesqueira será a primeira cidade a ser beneficiada com a obra, porém a solução será a médio e longo prazo.
Já o representante da Secretaria de Agricultura do Estado, Dr. Guttemberg, afirmou que “os municípios podem ser contemplados rapidamente com ações de urgência se decretarem Estado de Emergência o mais breve possível”. Os prefeitos fizeram isso após a audiência pública. Dentre as ações emergenciais liberadas pelo Governo do Estado, estão a instalação de poços, contratação de mais carros-pipas, liberação de mais veículos pipas pelo IPA e aumento do percurso desses veículos, de três para quatro quilômetros. A perfuração de grandes poços e o programa de construção de grandes barragens são outras ações, porém a médio-prazo. Guttemberg afirmou ainda que o Governo do Estado já iniciou o programa de aquisição de alimentos para o rebanho, que vai comprar bagaço de cana das usinas da zona da mata do estado para produzir ração animal. Outra medida, essa paliativa, já foi tomada pela União, quando a presidente Dilma Roussef instituiu o Bolsa Emergencial (uma espécie de seguro-safra de emergência para os flagelados da seca). A oposição, no entanto, já chama o programa social de “Bolsa Seca”. Outra medida é a liberação de empréstimos rápidos para o homem do campo, que sofre com a seca.
Ao final do encontro, o prefeito de Alagoinha Maurílio Almeida disse que “o povo sabe conviver com a seca, mas nós - os governantes - precisamos de ajuda para desenvolver as ações”. Fechando a audiência pública, a prefeita de Pesqueira Cleide Oliveira fez um breve relato das ações desenvolvidas pelo poder público municipal. Num momento de emergência, as torneiras que regam as praças e jardins da cidade foram fechadas e esses locais só serão aguados através de carros-pipa. As autoridades municipais de Pesqueira também percorreram os sítios, distritos e povoados, para levar ações emergenciais e atualmente, se dedicam exclusivamente para o combate a seca. Cleide também assinou a ata da audiência pública e mandou preparar o decreto de Estado de Emergência, que já foi assinado e levado para o Governo de Pernambuco. “Vamos lutar até o fim para usar emergencialmente o manancial de Pão de Açúcar, concluir a limpeza das barragens e açudes e enviar ajuda ao homem do campo”, garantiu a prefeita, lembrando que 150 barragens já foram revitalizadas e três máquinas de esteira trabalham no campo para abrir novos barreiros.
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DO PSQUEIRA EM FOCO
FONTE :ENCART NOTICIAS